quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Um céu muito mais doce

Foto em familia: minha avó e os filhos (e eu de gaiato)
no alto: Tio Gilson, Dete (tia), Sessé (minha mãe) e Tio Ivan
abaixo: eu, Zene, Voinha (Alice) e Tia Dinalva

A saudade aperta o peito. Falta um pouco de ar. Respitro pela boca para ganhar força; os olhos enchem de lágrimas e transbordam.

Minha tia Zene partiu hoje. Ficou a saudade e as lembranças...

lembranças de destaque de quase todos os meus aniversários, perto de um bolo caprichosamente bem feito, delicioso e recoberto em camadas de glacê que somente ela sabia fazer;

lembranças de cada 1° de abril que fazia questão de me ligar para passar um trote por mais simples que fosse;

lembranças da casa da minha avó, que sempre foi como uma segunda casa para mim;

lembrança de bons momentos, de boas risadas, de gestos, de mimos, de carinho. Boas recordações que guardarei para sempre.


Cada religião trata com distinção a relação entre a vida e a morte, assim também como cada qual descreve à sua maneira, para onde vamos quando nosso corpo não consegue mais manter nossa essência: a vida.

Tenho uma maneira particular de pensar no céu; prefiro acreditar que o céu é diferente para cada pessoa, diferente de tudo o que voce ja ouviu ou leu; uma versão do céu especialmente sua e feita para você.

Assim sendo... amanhã e nas próximas vezes que olhar para o alto, não verei apenas o azul e as nuvens brancas... verei o céu de minha tia, o mundo criado em seus bolos, onde as núvens serão de glacê coloridos, as casas terão telhados de Waffers, as cercas serão feitas de Deditos com destalhes em jujuba, a grama será bem verde, feita de açúcar cristal, os caminhos recobertos de piso feito de bolacha e os rios de espelho, onde haverá flores e pombas de fécula.

Será um céu muito mais alegre e muito mais doce.
Descanse em paz.

4 comentários:

Renata Almeida disse...

ai amigo...muito tempo que não vinha por aqui e encontrei esse post...o seu novo céu será muito doce...e queria compartilhar dele com você. Assim, a tristeza não transborda quando a saudade bater no teto. Se cuida muito!
Um beijo cheio de saudades.

Arabela Leal disse...

Oi Dum,

É vc conseguiu descrever de maneira super especial a nossa infância , a dor da perda de uma pessoa tão especial e como ninguém descreveu o que só nós sobrinhos que convivemos tanto e tão bem com Zene a maravilhosa arte de transformar a realidade em bolos confeitados onde td é doce e as amarguras da vida não tem espaço!

Um Beijão!

Bela

Mari Calza disse...

Oieeee... voltei ao mundo dos blogs!! Passa lá me visitar.

Bjo da irmã de aniversário. rsrsrs

Mari Calza

André Lage disse...

Grande Almiro...

Moro só agora, acho que agora vivo o que você vive desde 1996. Tudo bem que a passagem pra terra natal é mais cara pra mim, rss.

Ontem, dancei um forró misturado com ritmos latinos tocados por franceses. Me lembrei de você que uma me disse que pra dançar salsa (ou algo assim) nao precisava fazer esforço, era só se movimentar um pouco e deixar a mulher dançar.

Enfim, cada coisa que vivo aqui lembram-me coisas que vivi aí. E, ontem, me lembrei de você.

Um forte abraço,

André.

PS: Fiquei muito feliz por você ter ido na minha formatura :)