segunda-feira, 13 de março de 2006

Duas borboletas

Aconteceu comigo há alguns anos atrás.

Eram vários pequenos problemas que se sucediam e me deixavam desanimado quando a vida, quanto ao namoro quanto ao trabalho, quanto as finanças. Tudo vinha junto sem espaços. Até a droga de uma unha encravada no pé que seguia por anos sem sarar 100%. Parecia que não haver melhora em nada; estava sem perspectivas*.

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Vale uma pequena pausa aqui para falar que apesar de não frequentar Igrejas ou Cultos, converso com a figura que todos chamamos por Deus de forma íntima, tratando-o como um "brother" bastante companheiro que escuta e me dá vários conselhos.


Converso no transito - mentalmente é claro pra os outros motoristas não terem certeza que sou maluco -, em casa as vezes em voz alta, as vezes antes de dormir, quando acordo, ao olhar o mar, e por aí vai. Na maioria das vezes não faço pedidos, mas agradeço pelas coisas belas desde mundo, pelas sultil poesia das diferenças que nós humanos temos e que me estimula a mente.


Aos que me conhecem, vão dizer que é fruto das minhas loucuras. 
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Bem....  quer dizer, mal... continuando.... Tudo fugia ao meu controle, e eu não conseguia pensar em que deveria me concentrar, nem conseguia rir da situação em que estava.

Num dia pela pela manhã, enquanto seguia para o trabalho, com o carro empretado da minha irmã, mais sério que o habitual, comecei a conversar com os céus, contando os problemas, ora praguejando, ora agradecendo pelas dificuldades que me permitiam crescer. Só que desta vez, ao lembrar de tudo, fiquei por segundos depressivo. Aproveitei que o "canal" estava aberto e pedir por um sinal.

Eu precisa ter certeza que Ele estava realmente me ouvindo, observando e que as coisas iriam melhorar, que o caminho que eu estava trilhando era correto. Como me dou por bastante "coligado", fiz uma pequena ressalva. Relembrando a Ele que sou um pouco destraído e que poderia confundir ou deixar de ver o sinal, pedi não um, mas dois sinais. Repeti várias vezes que não era por descrença, mas que eu era realmente lerdo; que não precisava que o Dique do Tororó se abrisse como o mar vermelho para eu acreditar, bastavam coisas bastante simples que eu conseguisse identificar. Mas era imprecindível que deveriam ser dois sinais.

Nem sequer haviam passados 15 segundos que calei a boca (a mente), estava pouco antes do viaduto que leva ao Dique, e percebi uma borboleta colorida, passando acima dos carros, como que chamasse a minha atenção. Havia anos que não via borboletas, e não lembro de ter visto alguma aqui em Salvador nos últimos 10 anos que moro aqui, ainda mais uma naquele local insólito.

Seria o primeiro sinal?
A resposta veio logo atrás dela. Outra borboleta tão bela quanto a primeira, seguia o mesmo caminho. Por um instante de dúvida, sobre ser os meus dois singelos sinais, as duas se cruzaram no vôo, num balé em pleno ar e seguiram atravessando a pista.

Eu não tive mais dúvidas alguma.
Logo depois, as coisas começaram a melhorar.

Inteligente, mesmo esse cabra aí de cima. Nada melhor que usar a própria lingugem do mundo, da vida, das coisas que gosto de observar.

*Antes que alguém possa pensar, que sou depressivo ou tenho tendências suicidas, gosto muito da vida, gosto da vida. Nunca me passou pela cabeça suicídio, não faço esse tipo. Gosto de analisar, respirar, acalmar e procurar soluções. Antes é claro, eu dou uma boa risada da merda na qual me encontrou ou me meti :). São as situações ruins que fazem minha mente trabalhar mais criativamente.
texto publicado originalmente no http://toudeolho.zip.net  Segunda-feira , 13 de Março de 2006