segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Sonhos

A gente escuta uma palavra, guarda uma imagem na mente, sente um perfume, e nosso subconsciente prepara todo um trailer pra a madrugada. Quando sonho, tenho bons momentos de descontração.

Estava em Salvador, passando pela Graça, onde moro. Seguia pra o Corredor da Vitória. Agora, todo o Corredor era um imenso calçadão, o qual dava a impressão de ser bem mais largo que a distância de tempos atrás. A maioria das pessoas caminhava; algumas poucas andavam de bicicleta como eu. Se não fossem os edifícios, poderia dizer que havia voltado no tempo. Todos, inclusive eu, usavam paletós em tons claros e estilo de época, andando calmamente pelo calçadão. Pelo tempo e pelas mudanças da rua, diria que havia se passado 10 anos, desde o 2007 em que me encontro hoje.

Havia chegado ao final da Vitória e conversava com um cliente. Resolvíamos algumas questões; parecia que tratávamos de projetos de engenharia (apesar de não ser engenheiro). Havia tubos de plantas arquitetônicas.

O tempo passava até que lembrava de um compromisso: os ex-alunos do Sartre iriam se reunir para uma da aula da saudade, em comemoração a alguns anos que havíamos feito o 3 ano (se considerar que haviam se passado mais 10 anos, seriam 21 anos).

A reunião ainda não havia terminado e começava a pensar em não ir ao encontro. Apesar de ter contato com alguns dos melhores amigos que fiz na época, eles eram poucos e não tinha a certeza se todos iriam. Não sei também o que conversaria com os demais os quais não deveria nem lembrar o nome ou sequer os rostos.

Olhei para o relógio.
A reunião terminou pouco depois do horário de início do encontro.

Peguei a bicicleta e segui sentido à Graça. Passaria em frente ao antigo colégio onde estudei e onde aconteceria o encontro.

Olhei novamente para o relógio. Havia alguns minutos que a aula começara.

A curiosidade me invadiu e sem muita expectativa, parei a bicicleta, entrei no colégio, caminhei pra a sala e abri lentamente a porta. A sala era diferente da que havíamos estudado. As carteiras também estavam arrumadas de forma diferente, em circulo.


Apesar de entrar atrasado, o professor não havia parado de falar, as pessoas também não se preocuparam com quem estava entrando.

Caminhei lentamente pela sala, para não fazer barulho, procurando um lugar para sentar.

Como que em câmera lenta, vi passando entre alguns vultos, os rostos de grandes amigos, de velhos conhecidos e de alguns que nem lembrava mais. Minha mente misturava os rostos jovens de 16, 17 e 18 anos com os atuais. Alguns estavam bem mais velhos, outros mais gordos/magros.

A cada novo passo, novos rostos; velhas lembranças.

A maioria fazia silêncio, alguns não se continham e coxixavam junto aos antigos grupos; juntanto com os olhares e posturas, ficava mais fácil relembrar e identificar quem era quem.

Uma sensação boa me preencheu. Minhas energias estavam sendo recarregadas com as lembranças, com os rostos amigos, com a imagem do Prof. Miguel sentado no canto da sala esperando a vez de dar aula de história.

Assim que sentei, num canto, abaixo de uma janela laranja, estava uma garota que me saudou com um singelo sorriso de cumplicidade, de camaradagem, de quem enfrentou um 3 ano de muito estudo e dedicação. Eu não lembrava dela até aquele momento, mas o sorriso me fez lembrar o quão foi bom o ano de 1996. O quanto eu cresci naquele ano.

Acordei leve, feliz, lembrando de várias pessoas que não vejo há muito tempo.

O fim do Mundo

Tenho demorado tanto a escrever que às vezes o texto está perdendo o sentido.
Ahhh, mas já que terminei, segue aí.


Segunda-feira, 11 de junho de 2007.
Como sempre faço todos os dias, abri o site dos principais portais de noticias e no UOL encontrei a notícia que astrônomos amadores descobriram que um asteróide iria se chocar com a Terra na primeira ou segunda quinzena de Julho de 2007. A vida na Terra iria acabar.

A Terra iria acabar logo depois do São João e eu não teria tempo para plantar e ver florescer uma árvore, ter um filho ou tão pouco terminar de escrever meu livro.

O tempo não seria suficiente para todos os meus planos.

Passei um dia inteiro pensando sobre tudo, sem conversar com ninguém sobre o assunto imaginando o que tinha feito e sobre o que deveria fazer nos próximos dias. Pensei em meu pai, minha mãe, nos vários aniversários junto com minha irmã, nos amigos e nos momentos que guardei com muito cuidado em lugar especial na memória para um dia relembrar. Não havia momento melhor para lembrar de tudo.

Por 24 horas fiquei meio aéreo, pensando no fim do Mundo. Como todos ficariam sabendo, Jornal Nacional? Quando começaria o histerismo, como seria o caos, como faria para chegar aonde meus pais estavam?

No dia seguinte, estranhamente nada havia sido comentado em nenhum jornal. Eu mesmo estava até esquecido. Logo depois que sentei no computador, revivi os pensamentos e voltei a buscar nos sites por notícias, até que encontrei nova matéria no G1 que desmentia a história e apontava que tudo se tratava de uma ridícula campanha publicitária da Citroen (ver detalhe abaixo).

Procurei novamente a suposta matéria e o site que havia acessado e já estava modificado. No lugar, havia notas que diziam que "agentes secretos desmascararam plano de destruir o mundo" e chamava para o site da Citroen na qual havia uma promoção "Se você fosse um agente secreto o que faria para salvar o mundo?". Quem se inscrevesse concorria é claro à um Citroen Pallas de merda.

Como estava bastante irritado e sou a sorte em pessoa, não perdi a oportunidade de me escrever com a frase: "Eu colocaria os publicitários e editores que criaram essa ridícula campanha em rota de colisão com o asteróide, livrando a Terra de idéias idiotas!!!".

Semanas depois recebi por e-mail a notícia que o carro havia sido sorteado e que eu não estava entre os ganhadores. Imagina o porquê?




DETALHES
A Citroen no intuito de divulgar um dos seus carros, colocou uma campanha em destaque no site UOL, com a seguinte frase “Asteroide Pallas pode se chocar com a Terra". O link à suposta noticia apontava pra o site "Observatório de Asteróides".

O site entre outras, descrevia que astrônomos amadores haviam descoberto que o suposto asteróide havia mudado de rota e que estava seguindo em direção à Terra. Que pelos cálculos iria se chocar com a terra entre a primeira ou segunda quinzena de julho de 2007. Que já estava havendo movimentação de cientistas, astrônomos e vários governos e militares sobre o fato.

Não havia maiores informações, além de uma imagem tosca e nenhum link na página. A página feita com aspecto de nerd astrônomos, com pouco recurso visual e nenhum link funcionando, fazia aguçar a preocupação diante da noticia.

Uma busca pelo Google e o nome do asteróide aparecia poucas referencias de quem também tinha lido a notícia e que começava a se espalhar e outras varias referências sites reais sobre astronomia, mas que falaram em linguagem astronômica e que não conseguia entender nada.

Resultado: para mim, o mundo acabaria em poucos dias.