sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Praça Padre Mateus em Santo Antônio de Jesus, Bahia (Nov/2012)

Postal da Praça Padre Mateus em Santo Antônio de Jesus, Bahia.
Provavelmente fim dos anos 70 ou início dos anos 80

Ouvi recentemente comentários que o Prefeito eleito já possui verba para a reforma da Praça Padre Mateus. Eu gostaria muito que esse projeto fosse colocado para Consulta Pública porque tenho muitas dúvidas sobre os projetos já idealizados.

Retornei a pouco mais de dois anos a cidade e não sei se o projeto passado nem o projeto em discussão atual foi avaliado por profissionais adequados e nem submetido a avaliação popular.

A pergunta é simples: o que será feito com a Praça Padre Mateus? A nova praça atenderá o Interesse Público ou o interesse de alguns?

Creio que o projeto precisa ser avaliado com cuidado em vários aspectos. Listo alguns que consigo lembrar rapidamente:
1) Os empresários tem interesse em um estacionamento amplo para que os visitantes de outras cidades possam estacionar e comprar em seus estabelecimentos? Quanto maior o espaço, subterrâneo ou não, melhor pra eles. 
Eu acho que estacionamento não é uma prioridade para o Cidadão consciente que aqui mora. Tenho certeza que se houvesse Transporte Coletivo de qualidade, deixaríamos nossos carros em casa. 

2) As Cervejarias também possuem interesse; quanto mais bares melhor. Um ponto central que todas as pessoas passam e que podem parar pra tomar uma cervejinha no final da tarde para bater papo com os amigos, dará muito volume em vendas. Muito mais que os principais bares e restaurantes da cidade.

3) Para os ambulantes, quanto mais espaço e informalidade melhor. O que será feito dessas pessoas que hoje estão instalados em quase todas as áreas da praça? Serão expulsos e obrigados a se instalar em outras ruas e praças? Ou voltarão lentamente com o tempo. A Praça da Biblioteca e as ruas e esquinas da cidade já funcionam como uma rede paralela de ambulantes. Será que se juntarão aos outros? Ou quem sabe para migrarão para Praça Rio Branco. Acho que o coreto acabaria sendo fechado e viraria um bar com mesas e toldos espalhados por todos os cantos.

4) O que será feiro com as BARRACAS/BARES que funcionam a anos na praça? O espaço é público e como tal deve ter uma licitação para concessão da instalação de qualquer atividade comercial. Novamente um ponto central como a praça gera um ótimo retorno. O novo prefeito realizar a licitação? E em que formato serão esses novos estabelecimentos? Vão concorrer com restaurante, lanchonetes que já existem no entorno da praça e que pagam alto custo de aluguel?

5) E o povo, as famílias, as crianças? Terão elas espaço para brincar como brinquei de bicicleta num sábado a tarde ou Domingo? Quando eu era criança, meus pais me levavam para ver os bichos-preguiças que ficavam pelas árvores; no lago havia tartarugas e em todo o jardim havia grama e flores. Tanto que a cidade era conhecida por "Cidade das Flores" e não pelo "Comercio mais barato da Bahia".

Hoje são tantos toldos, cadeiras, barracas, camelôs, hippies...  que fica difícil chama-la de praça. É difícil cruza-la, é impossível achar um local bonito que possamos tirar uma foto. A praça principal da cidade não pode ser um cartão postal porque está incrivelmente maltratada.

O termo Praça remete a um local livre de Edificações que propicie convivência e/ou recreação para seus usuários. As praças feitas pensando no cidadão, não visam "estacionamentos", não viam BARES, nem estabelecimentos comerciais. Quando há barracas, elas comercializam apenas produtos de apoio a quem na praça está, como Sucos, Água, Sorvetes, lanches rápidos (não pratos/refeições).

Fica a dica.

"Depois que aprendi a pensar por mim mesma,
 nunca mais pensei igual aos outros. " Clarisse Lispector

domingo, 14 de outubro de 2012

Milagres


Eu sempre acreditei em milagres.
Comecei acreditando que quando estivesse passando por uma dificuldade, podíamos pedir ajuda a Deus, E desde que fosse um pedido justo, para o bem e feito com muita vontade a Deus esse pedido seria atendido. De alguma forma, ele colocaria algo ou alguém no caminho para que pudesse  ajudar ou pelo menos que pudesse mudar forma da pessoa ver o mundo.

E depois de um tempo, passei a perceber que não podemos viver somente em estado de espera pelas graças. Precisamos desenvolver a nossa sensibilidade para perceber nos outros as dificuldades pelas quais elas possam estar passando. E assim, quem sabe um dia possamos também ser aquele que ajuda.

Eu sempre acreditei que nós podemos ser tanto anjo como demônio. São as situações que encontramos e a ações que escolhemos tomar, que determina como seremos percebidos; um anjo que pode ajudar ou um demônio que prejudicou ou deixou de ajudar.

Sou muito agradecido pelas coisas boas que me aconteceram e também pelas más, que nunca foram tão graves, que não pudesse suportar.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Tem seda?


Certa vez, num show em Salvador, terminando a apresentação da banda inicial, sentei com uma amiga num dos pufs da área vip para descansar. Algumas almofadas haviam sido colocadas para tornar o lugar mais confortável.

Depois de um tempo sentados, um cara que nunca vi, com uma roupa mio alternativa, se aproximou e gentilmente me perguntou:
- E ai, você tem seda?
- Como? Nos meus devaneios momentâneos, ou por causa do barulho, achei que ele tinha pedido "seda". Quem diabos pede "seda" a alguém? E por uns instantes olhei para o lado e para o outro e, pensei que ele poderia estar pedindo educadamente por uma das almofadas. Olhei novamente, as almofadas para ver se tinha alguma "seda" sobrando, e respondi:
- Velhão, só temos essas que estamos usando.

O cara meio triste agradeceu e foi embora enquanto minha amiga com cara de surpresa e rindo muito, me pergunta:
- Tu por acaso saber o que é seda?
Ela nem precisou responder, tive certeza que não sabia e demos muita risada. E demos mais risada ainda depois que ela explicou ao bocó aqui, o que era e para que servia a tal seda.

Para quem não sabe ainda o que é "seda", é só pensar em como os caipiras/roceiro preparam o seus cigarros de palha. Eles usam a seda, para enrolar a palha e fumar.

Um detalhe importante, o gentil rapaz não tinha cara de caipira/roceiro nem tão pouco deveria estar carregando "palha" num show do Rappa.

sábado, 22 de setembro de 2012

Palavras que transformam


por: Almiro Leal
em 26/01/2006 às 23h37m


Tem palavras que eu definitivamente gosto. Que me fazem vivo, que mantem a minha imaginação viva. Que me fazem crer que o mundo que eu vivo não é o mundo o qual eu leio nos jornais ou  no noticiário das 8.

São palavras que me trazem alegria, que me fazem meus olhos brilharem, e meu coração bater mais forte.

É ternura que me lembra ternura, é pai e mãe que me lembram carinho, é carinho que traz boas lembranças, é lembranças que me faz refletir e analisar o que já fiz e o que quero fazer no amanhã. É amanhã que me traz a esperança de que se hoje não foi bom, amanhã poderá ser melhor.

É mar que banha e lava minhas mágoas: mágoas que somem rápido.

É Sonho que alimenta minha alma; é Lua que nina as minhas noites; é Céu que me lembra o quão sou pequeno, é Sol que aquece o coração que bate descompassado ao som de Músicas; é música que embala meus pensamentos mais insanos. É a insanidade que altera meus sentidos, e me faz rimar com latidos, uivos, pulos ou simplesmente murros;

É rima que me lembra a poesia e essa palavra sim, junto com amor, sonho, Lua, mar transformam minha vida a cada dia.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A casa de minha avó Alice

A casa de minha avó já não existe mais fisicamente, entretanto guardo em minhas memórias as formas, as cores, os cheiros e os sabores ali vividos. Mais que paredes, portas e janelas, meus tios e minha avó tornavam o lugar perfeito. Na casa moravam além de minha avó; Zene, Dete e Tio Gilson.

Sempre que meus pais viajavam e não podiam me levar, me deixava na casa de voinha. Depois que passamos a morar em Santo Antônio, toda vez que ficávamos sem empregada (bem frequente) ou essa tinha que sair cedo, eu também era levado pra lá. Passava a tarde me divertindo com os gatos de minha avó, no quintal ou com meus tios e avó.

Minha avó Alice era uma figura ímpar. Aproveitei pouco sua companhia. Chegando ou saindo, da casa de minha avó sempre pedia a bença dela. "Deus lhe dê vida e saúde, meu filho". Lembro de minha avó escrevendo algumas cartas, fazendo palavras cruzadas e vez ou outra jogando "burro" (jogo de cartas) comigo - deixando ganhar quase sempre. Lembro dela no quintal cuidando das roseiras, ou atrás dos gatos. Comigo e minha irmã sempre foi extremamente cuidadosa; chamáva-nos por nome de bichinhos. Vez ou outra que dormia num dos quartos, ela sempre pegava ou mandava uma das minhas tias colocar uma cadeira pra evitar que caisse da cama. Lembro que mesmo quando tnha uns 14, 15 anos minhas tias colocavam uma cadeira.

Do meu tio Gilson lembro do jeito engraçado, a larga risada debochada quando chegava contando algum caso; à noite o cheiro de pão esquentado com garfo no fogão, cheio de manteiga e açúcar, a paixão pela política e os papeis da Filarmônica. Não faz um mês, estive no sobrado da Amantes da Lira. Hesitei alguns minutos ao entrar, tamanha eram as lembranças das idas com meu tio aquele prédio. Quando passava as tardes na casa de minha avó, vez ou outra ele me levava pra tomar um refrigerante em algum dos bares próximo enquanto conversava com os amigos ou me levava na Lira e enquanto ia resolver alguma coisa, me  deixava com um bloco de papel para escrever.

Zene e Dete para mim foram como uma segunda mãe, e por isso talvez ou por tanto andar com elas, nem as chamava de tia; chamava direto pelo nome.

Lembro quando Zene ainda trabalhava na contabilidade de Joel, que ficava num prédio ao lado da Panificadora Soares, próximo as quatro esquinas. Subia uns dois pequenos lances de escada e em um canto do escritório ficava a mesa dela. Uma calculadora de manivela que adorava. Apertava as telas dos números, apertava a operação, novamente os números e puxava a alavanca e a máquina prensava o resultado. Nem me preocupava com o resultado, achava o máximo a alavanca e o som que fazia.

Era Zene quem fazia os meus bolos de aniversário. Deliciosos, camadas de glacê, bordas e detalhes feitos com bomba e bicos especiais. Quando não era meu aniversário havia outros encomendados. Mesmo assim, sempre sobrava ou ela deixava pra mim um pouco de glacê. Eu abria bem as mãos e ela enfeitava as pontas dos dedos com um pouco de glacê e um bom montinho no meio da palma. E o sorriso vinha sempre que eu lambia tudo, sem deixar vestígios, e pedia mais.

Mesmo depois de velho, quando chegava de Salvador, e tinha algum bolo sendo finalizado, ela sempre avisava que tinha glacê e se eu queria. Eu logicamente, nunca negava.

Uma vez, passei mais de um ano com uma unha encravada, fui com meus pais na clínica e marcamos a mini-cirurgia. No dia, entretanto, minha mãe daria aula pela manhã e meu pai não poderia faltar ao banco. Nada que fosse demais eu ir sozinho. Já devia ter uns 14 anos. Lembro de minha mãe dizer que minha tia iria comigo, que ela não queria que eu ficasse sozinho, mesmo que não precisasse. Era esse o tipo de cuidado que ela tinha pra comigo.

Zene adorava viajar. Lembro que viajava quando mais moça para vários lugares. Ia com uma outra tia de segundo grau (Edite). Não perdia um convite para ir a Salvador. Adorava shopping, ver as decorações das lojas, as lojas enfeitadas para o Natal.

Dete partiu recentemente e faz-me uma falta muito grande. Falta-me palavras pra descrevê-la em toda a sua simpliscidade, inocência, bondade, carinho e zêlo. Desde pequeno até dias antes de partir, tinha sempre um docinho, um chocolate guardado pra me presentear. Nunca vi, nem acredito que alguma vez ela tenha levantado a voz com alguém, ou que tenha falado qualquer que seja uma palavra mal de alguém. Era o tipo de pessoa que via o lado bom das coisas e não via maldade em nada.

Uma das minhas memórias mais antigas é de ter ido na feira com Zene e Dete de mãos dadas. Devia ter menos de 6 anos. Na época a rua da igreja era de paralelepípedos e havia raríssimos veículos na cidade (seja carro ou bicicletas); andávamos pel meio da rua quando lembro de pisar numa lata aberta e cortar o pé. Lembro da preocupação delas e do cuidado em fazer os curativos. A cicatriz desapareceu com o tempo, mas o cuidado e a preocupação de minhas tias guardo até hoje.

Lembro que foi em frente a mesa de jantar a primeira vez que carreguei ainda filhote a gata de minha avó; que assustada ao carrega-la no alto, passou a garra em meu rosto de raspão, fazendo descer algumas gotas de sangue para susto de todos. Nunca depois disso tivemos qualquer outra queixa desse animal que foi o xodó de minha avó. Quando minha avó faleceu, o corpo foi velado na sala da casa. Todos da família entenderam quando a gata passou todo o dia deitada embaixo do caixão, como entendesse o que se passava e velasse o corpo.

Lembro das invenções com Nel de tentar fazer uma piscina na lateral da casa, colocando restos de azulejos no chão e enchendo de água, que pra nosso desespero não funcionou.

Lembro do pinheiro no meio do quintal onde subia alguns galhos para depois sair me coçando todo. E do pé de carambola, que por um tempo teve um balanço onde brincávamos.

A casa da minha avó já não existe mais fisicamente, e ainda assim ela continua tão de pé quanto antes nas minhas lembranças.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A Elegância do Comportamento

E quase sempre eu lembro desse texto da Marta Medeiros, que fala sobre a Elegância do Comportamento; algo que falta a muitos.


Jeito de Ser
Marta Medeiros, Do livro "Non Stop" - Crônicas do Cotidiano


Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento. É um dom que vaimuito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.

É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto. É uma elegância desobrigada. É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe dafofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca. É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros. É possível detectá-la em pessoas pontuais.

Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.

Oferecer flores é sempre elegante. É elegante não ficar espaçoso demais. É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao de outro. É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais. É elegante retribuir carinho e solidariedade. Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto. Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante. Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural através da observação, mas tentar imitá-la é improdutivo. A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que com amigo não tem que ter estas frescuras. Se os amigos nãomerecem uma certa cordialidade, os inimigos é que não irão desfrutá-la. Educação enferruja por falta de uso. E, detalhe: não é frescura.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Neverland (2011) - Mini-serie

O canal SyFy resolveu lançar uma série "Begins" de Peter Pan, contando como Peter e Gancho foram parar na Terra do Nunca (Neverland).

A idéia de James Hook (Rhys Ifans) como um ex-cavalheiro inglês e mentor de um grupo de trombadinhas em Londres, dos quais Peter (Charlie Rowe) faz parte é sensacional. Na mini-série, Hook e Peter encontram uma joia mágica que os transporta para a "Terra do Nunca" onde se envolvem com índios, piratas e uma colônia de fadas.

Apesar das boas idéias, o roteiro é fraco. A relação entre Hook e Peter, assim como Peter e Sininho poderiam ser muito mais exploradas, mas acabaram por fazer uma série com efeitos fracos e histórias secundárias que se fossem removidas, não fariam falta.

E são essas histórias secundárias que ocupando o tempo, fazem com que a trama principal muitas vezes seja acelerada, acontecendo alguns saltos que deixam o espectador com sensação que fizeram a série na marretada.

Achei ridículo:
- Um alquimista (poderia ser substituído pelas fadas)
- Todas as cenas e diálogos na cidade do Alquimista, salvo apenas a explicação da Joia e do universo.
- Cena da aranha gigante
- Cena do fogo no santuário das Fadas
- Batalha entre Hook e os indios no santuário
- O fato de Hook e a Pirata ter escondido a jóia num lugar tão longe e de difícil acesso sem sequer mostrar como aconteceu.
- Batalha final na caverna
- Como Hook perdeu a mão
- O Crocodilo comendo a mão e o relógio

Quem é quem
Hook é vivido por Rhys Ifans que fez o colega de quarto de Hugh Grant em "Um lugar chamado Notting Hill" (1999). A capitã pirata, vivida por Anna Fariel já fez a "Charlotte Chuck" de "Pushing Daisies" e Charlie Rowe que dá vida a Peter Pan participou de "Never Let Me Go" como o jovem Tommy.